Laila Braga Barbosa. Tecnologia do Blogger.

TCC E EMAGRECIMENTO

A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é uma abordagem que foi desenvolvida inicialmente para o tratamento de pacientes deprimidos, lá no início da década de 60, por um cara chamado Aaron Beck.


Ele perceber que o pensamento das pessoas com transtornos psicológicos, apresentavam distorções (erros) e concluiu que é possível modificar as emoções (a forma como a pessoa sente) e os seus comportamentos (o que elas fazem) a partir da modificação do pensamento.


A partir daí, Beck, outros terapeutas e pesquisadores foram desenvolvendo e adaptando a TCC para uma série de transtornos mentais.

Quando o assunto é dificuldades alimentares, modificar os pensamentos e comportamentos contribui não só para emagrecer como para manter o emagrecimento, que vamos combinar? É a parte realmente difícil nesse processo todo.

Pois isso que no tratamento com pacientes obesos e com sobrepeso, um dos principais objetivos da TCC é que a pessoa consiga reconhecer e monitorar pensamentos e comportamentos em relação à alimentação.

O tratamento sugerido dentro da TCC para emagrecimento e manutenção do peso é composto por basicamente três fases:

    1) Na primeira fase o objetivo principal é justamente a mudança cognitiva (de pensamento) e comportamental (o que você faz) em diversas áreas da vida da pessoa. No final dessa fase espera-se a pessoa acredite que é possível controlar o peso.

    2) Na segunda fase o objetivo é a identificação, revisão e redirecionamento de metas irreais de perda de peso, além da administração das preocupações com a imagem corporal (tem um post só falando sobre isso, dê uma olhadinha aqui).

    3) Na terceira fase o objetivo é ajudar a pessoa a adquirir e praticar as habilidades necessárias para a manutenção do peso.

Na teoria, todo mundo sabe o que precisa fazer para emagrecer, mas na prática é bem difícil usar esse conhecimento e as habilidades que temos para atingir a meta.

E só para deixar claro, essas etapas nem sempre são sequenciais. É necessário adaptar o tratamento de acordo com as demandas de cada pessoa. Flexibilidade é uma palavra chave para o sucesso de qualquer tratamento.

Aos pouquinhos, vamos medido o progresso, identificando o que está e o que não está funcionando e buscando outras alternativas para manter a motivação e os resultados.

O objetivo final de qualquer tratamento da Terapia Cognitivo Comportamental com obesidade, sobrepeso ou transtornos alimentares, é modificar a forma com que a pessoa se relaciona com a comida. A perda de peso é apenas uma consequência.

Por tanto, um dos fatores mais abordado no tratamento são as crenças de autoeficácia (tem um vídeo legal no Instragram sobre isso, depois dê uma olhadinha), já que elas estão diretamente relacionadas ao sucesso ou insucesso do emagrecimento e manutenção do peso.

CRENÇAS DE AUTOEFICÁCIA

Um dos teóricos mais legais da psicologia modera, chamado Albert Bandura, define autoeficácia como a confiança na capacidade de organizar e executar determinas ações. Se a gente pega esse conceito, fica fácil entender como ele ajuda no processo de emagrecimento, não é?

As crenças de autoeficácia constituem um dos principais mecanismos que exercem influência sobre as ações e motivações para mudança de uma pessoa. Pense comigo: se você se julga capas de realizar uma determinada ação, é mais fácil ou mais difícil que você tenha a atitude de ir lá e fazer? E se você se perceber incapaz de realizar alguma coisa, como você se comporta?

A verdade é que todo mundo se baseia nos seus julgamentos do quanto são capazes de realizar determinada tarefa para tomar decisões sobre quais ações irão elaborar, quanto esforço será dispendido e qual será a persistência a enfrentar os obstáculos.

Conclusão: apresentar alta autoeficácia resulta em bons desempenhos, assim como possuir baixa autoeficácia acarreta no contrário. Além disso, pessoas com baixo senso de autoeficácia concentram-se apenas nas suas deficiências e ignoram suas conquistas.

CAUSA DA OBESIDADE E DOS TRANSTORNOS ALIMENTARES

Não existe uma causa única ou explicação simples para obesidade, sobrepeso e transtornos alimentares. Há diversas variáveis (de natureza pessoal e contextual) que interferem aqui como por exemplo: as experiências na infância, depressão dos pais, exposição a comentários negativos sobre forma e peso corporal (o famoso bullying) e claro, a predisposição genética.

Do ponto de vista mais psicológico mesmo, percebemos que um alto nível de perfeccionismo e a preocupação exagerada com a forma e o peso são os principais fatores que diferem a obesidade de um transtorno alimentar, como é o caso da Compulsão Alimentar, Bulimia e Anorexia, por exemplo.

Pessoas obesas ou com sobrepeso podem ter crenças e pensamentos disfuncionais em relação ao peso, à alimentação e ao valor pessoal. É comum por exemplo, que elas vinculem o fato de ser magro com capacidades de autocontrole, competência e superioridade. Inclusive, é bem comum ouvirmos por aí que a pessoa magra é “focada”, “disciplinada” e outras variações dessas afirmações, não é mesmo?

Esse tipo de pensamento interfere diretamente na autoestima da pessoa e pode desenvolver crenças do tipo “se sou gordo, então não tenho condições de me controlar/não tenho valor/sou inferior/não tenho motivação”.

Para que não fique confuso, vamos diferenciar os conceitos de autoestima e autoeficácia? A autoestima é mais complexa e está diretamente associada ao bem-estar psicológico. Ela tem a ver com o juízo de valor que temos de nós mesmo, indicando se nos sentimos capazes, valiosos e importantes. É um conceito mais subjetivo.

Resumindo: autoestima é mais amplo e a autoeficácia é um dos seus pilares. O conceito de autoeficácia compõe o de autoestima.

No fim das contas, é mais provável que uma pessoa com crença de autoeficácia tenha uma boa autoestima, mas não é a regra, já que sentir-se capaz é apenas um aspecto do juízo de valor do conceito de autoestima.

Mas então...

POR QUAIS MOTIVOS AS CRENÇAS DE AUTOEFICÁCIA SÃO TÃO IMPORTANTES NA PERDA DE PESO?

Não é novidade para ninguém, ou pelo menos não deveria ser, que mesmo depois de alcançar o peso desejado, será necessário continuar demandando esforço, caso contrário voltará a readquirir peso. Logo, pessoas que se sentem capazes de controlar o peso e entendem que o emagrecimento dependerá das suas ações, tem mais probabilidade de manter o emagrecimento. É nesse aspecto que a existência de crenças de autoeficácia mostram-se importantes.

Aquisição de novos hábitos não é um processo finito.

Emagrecimento sustentável tem a ver com um novo padrão de relacionamento com a alimentação. Escolher opções saudáveis é algo que deve tornar-se automático.

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